A história da lata começa em 1795, quando o Directório Francês ofereceu um prémio de 12.000 francos a quem apresentasse ao governo um novo e eficiente meio de preservar os alimentos. As tropas de Napoleão estavam a morrer mais de fome e sede que pelo combate. Nicolas Appert, um parisiense que trabalhava como doceiro, padeiro e produtor de vinhos, teve uma ideia: porque não empacotar os alimentos em garrafas, como o vinho?
Nos quinze anos que se seguiram, desenvolveu a ideia. Finalmente, depois de cozinhar parcialmente os alimentos e de os selar, dentro de garrafas, com uma rolha, imergindo-as em água a ferver, chegou à seguinte conclusão: se os alimentos estiverem suficientemente aquecidos e selados num recipiente bem fechado, estes não se estragarão.
Os Britânicos tinham de responder a este avanço das tropas francesas. Em 1810, o rei George III assegurou uma patente a Peter Durand pela sua ideia de preservar alimentos em recipientes de vidro, barro, estanho, outros metais ou outros materiais. Durand ambicionava superar a invenção de Appert, por isso escolheu o estanho em vez do vidro. Tal como o vidro, o estanho podia ser selado hermeticamente. Mas o estanho não é quebrável e é muito mais fácil de manusear, por isso substituiu a garrafa de vidro e sua rolha pela lata cilíndrica feita de chapa de estanho, que é simplesmente aço revestido a estanho para prevenir a oxidação e a corrosão. Durand não chegou a por em prática a sua ideia, mas dois outros ingleses, Bryan Donkin and John Hall usaram a sua patente. Depois de um ano de experiências, criaram uma fábrica de latas e em 1813 enviavam já latas de alimentos para o exército britânico e para as autoridades da marinha para que testassem o método de conservação.
À medida que pessoas e bens foram sendo transportados através de várias partes do mundo, a indústria da lata expandiu-se para novos territórios.
Ingleses que imigraram para a América levaram o seu mais recente achado consigo. Um deles, Thomas Kensett, pode ser chamado de pai da indústria da lata nos Estados Unidos. Em 1812, construíu uma pequena fábrica na zona costeira de Nova Iorque para enlatar as primeiras, hermeticamente seladas, ostras, carnes, frutas e vegetais dos Estados Unidos.
Mesmo antes da Guerra Civil, um avanço técnico nas conservas permitiu acelerar a produção. Acrescentando cloreto de cálcio (um sal) às águas nas quais as latas eram preparadas, aumentava a temperatura da água, acelerando o processo de enlatamento. Durante a Guerra Civil, as latas de metal com alimentos saudáveis asseguraram rações para os homens na frente de batalha. No fim da guerra, os soldados e marinheiros voltaram a casa graças aos alimentos conservados. De um volume de produção de cerca de 5 milhões de latas por ano no período antes da guerra, o negócio das latas cresceu para 30 milhões durante os anos do pós-guerra.
Durante quase 100 anos, as latas eram feitas à mão. Era um processo moroso que requeria habilidade e força. Com a revolução industrial, a procura de latas aumentou fazendo com que os artesãos (um bom artesão apenas conseguia fabricar 10 latas por dia) fossem substituídos por máquinas (aumentando para 60 o número de latas por dia).
As latas e o ambiente
Antes de 1970, tanto as latas de aço como as latas de alumínio eram feitas a partir de material virgem. Felizmente, as duas indústrias aperceberam-se da importância de reduzir os seus impactos no ambiente durante os anos 60 e 70, enquanto uma nova geração consciente dos problemas ambientais ia surgindo e desenvolvendo soluções. Houve incentivos para começar a reciclar os materiais e os produtores iam descobrindo a economia da reciclagem, nomeadamente os mais baixos custos de produção utilizando menos material, menos energia e menos desperdício na exploração de minas.
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